segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Um Hino à Amizade



"O que é  que ‘estar preso’ quer dizer?
- É uma coisa que toda a gente se esqueceu. disse a raposa. Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
- Laços?
- Sim laços, disse a raposa. Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazito perfeitamente igual a outros cem mil rapazitos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E para ti, eu também passo a ser única no mundo…
- Tenho uma vida terrivelmente monótona. (…) Mas se tu me prenderes a ti, a minha vida fica cheia de Sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos.
- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós, disse a raposa. Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti.
- E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto…
O principezinho voltou no dia seguinte.
- Era melhor teres vindo à mesma hora, disse a raposa. Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto dor da hora, mais feliz me sentirei. Às quatro em ponto já hei-de estar agitada e inquieta: é o preço da felicidade."

O PrincipezinhoAntoine de Saint-Exupéry

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